Valorização e proteção da vida

Nos últimos meses um assunto em especial vem tirando o sono de alguns pais e este tema merece atenção, afinal, não é de hoje que o suicídio na adolescência mostra dados alarmantes no Brasil. Entretanto, o intuito deste texto não é explanar sobre as minúcias do Baleia Azul, até porque a mídia e as redes sociais já muito falaram do assunto, mas sim enfocar em como a família, a sociedade e a escola pode auxiliar no sofrimento desses adolescentes. 

A vida é um ciclo, desde o nascer até o morrer vivenciamos fases distintas e mudanças biopsicossociais. No entanto, durante o período da adolescência essas mudanças são mais abruptas, pois além da questão hormonal também há mudança na vida escolar, social e na responsabilidade dos filhos.

Quanto mais os pais facilitarem a fala sobre essas mudanças no sentido de orientar, acolher e ouvir seus filhos, maiores as chances do adolescente sentir-se apto e com coragem para enfrentar as mudanças. Além disso, ao dar abertura ao diálogo com os pais conseguem entrar no mundo dos filhos, compreendendo sua maneira de pensar e principalmente, auxiliando quando se fizer necessário. Pais lembre-se que você também já passaram por essa fase da vida!

O suicídio na adolescência hoje apresenta índices aterrorizantes, sendo que, entre as causas de mortes no Brasil nesta faixa etária perde apenas para os acidentes automobilísticos. Enfatiza-se o poder das redes sociais neste sentido, afinal, nela o adolescente cria um “personagem ilusório de felicidade”, o qual consegue e faz tudo que quer, isso porque na internet tudo fica mais fácil, inclusive as frustrações (salienta-se que uma das maiores frustrações é a relacionada aos padrões de beleza impostos pela mídia).

Há ainda quem diga que a mudança de comportamento é para “chamar a atenção”, e realmente é. Porém, é para chamar a atenção para algo que não está bem, interna ou externamente. Quando o adolescente chama a atenção é porque ele precisa de atenção!

  Destarte, exponho aqui alguns sinais que devem servir de alerta aos pais, aos professores e aos demais profissionais de outras áreas: mudança de comportamento (geralmente o adolescente fica agressivo ou irritado), alteração do desempenho escolar, perda de peso, isolar-se e chorar com frequência. Entretanto, outros sintomas também devem ser observados com cautela e quando a mudança de comportamento for significativa, não excite, procure ajuda profissional.

Valorizar a vida também é trabalhar a prevenção. Por isso a importância da rede de atendimento tanto no SUS como no SUAS. As equipes são capacitadas a identificar as crianças e adolescentes que necessitam de cuidado e proteção. Entretanto, esta tarefa é incumbida principalmente aos pais, que devem observar o comportamento de seus filhos(as), em especial, a mudança significativa deste.

O trabalho de valorização da vida não envolve apenas a criança ou adolescente, mas muitas vezes todo o ambiente familiar, que em grande parte encontra-se “adoecido” devido a uma situação-problema.

Enfim, além do trabalho em rede o auxílio pode vir ainda de outras formas de apoio. Hoje temos inclusive o Centro de Valorização da Vida que pode ser acessado através do site www.cvv.org.br com atendimento online ou via telefone pelo 144. Salienta-se que o atendimento neste setor pode dar-se de forma anônima.

Assim, entende-se que muitos são os riscos, porém grandes são as chances de ajuda. A vida é um direito de todos e é dever da família e da sociedade proteger e defender a vida das crianças e adolescentes.

Na luta pela defesa a vida! #euapoio #crasapoia #saúdeapoia #educaçãoapoia

 

Monalise Grassi – Psicóloga – CRP 12/09373

Especialista em Avaliação Psicológica e Saúde Mental e Atenção Psicossocial

Formação em Hipnose Clínica